Na estreia do Falando Serio debate uma entrevista com o editor-chefe da Revista S!revista carioca direcionada ao publico LGBT revista q tem grande influencia no meio,sendo distribuida gratuitamente em boites cariocas.Jose Carlos Silva(foto acima) ja entrevistou grandes nomes de Tv,teatro e musica do Brasil para revista.Sempre foi um grande defensor da causa LGBT muito inteligente sempre levantou a bandeira contra os principais problemas enfrentados pela comunidade.Nessa entrevista debatemos sobre a militancia LGBT no Brasil,politica,homofobia e muito mais.Entrevista concedida a Jonnathan Alves
1:Como surgiu a ideia de criar o Jornal O Sexo, hoje Revista S!?
Jose Carlos Silva:A ideia surgiu há 8 anos. A proposta inicial era ser um jornal voltado tanto para gays e heteros. O público gay começou abraçar o Jornal O Sexo e, consequentemente, acabamos entrando fundo no segmento. Depois de completar um ciclo de 6 anos, resolvemos dar uma nova cara ao veículo e aproveitamos para mudar o nome, já que o termo “O Sexo” acabava assustando futuros anunciantes e entrevistados. Veja como as pessoas têm preconceito até com um simples nome. Guardo um enorme carinho pelo Jornal O Sexo, mas mudanças estão aí, e hoje a Revista S! já tem o seu nome gravado na memória dos leitores.
2:Recentemente houve um boom de novas revistas gays no mercado editorial brasileiro, fenômeno esse que deu origem às revistas Dom, Junior e Aime. Dessas, só a Junior sobreviveu. Como você viu esse fenômeno?
Sempre vai haver um boom de revistas, jornais...Permanecer no mercado é o grande desafio. Não é tão fácil fazer, como muitos pensam. Ainda temos uma grande barreira para ser quebrada, que é dos grandes anunciantes. Por mais que todos digam que o público LGBT tem um grande poder de compra, que viaja, que investe, poucos querem ver a sua marca associada ao segmento. Mediante a isso, fica difícil permanecer no mercado com um veículo, pois as contas têm que ser pagas ao final de cada edição. O custo é muito alto.
3:Vamos falar sobre a parada. Cada ano que passa mais heteros frequentam as paradas gays. Você acha que a sociedade está mais tolerante à causa gay ou eles só vão pela música mesmo?
Acho muito legal que heteros frequentem as paradas. Afinal de contas, não somos bichos. Estamos ali reivindicando os nossos direitos de cidadãos. Claro que a música acaba atraindo muito mais pessoas. É tão bom poder ver todos reunidos dançando. Sou contra heteros que entram nas paradas ou boates provocando brigas, se embebedando e aproveitando disso para bolinar as meninas que estão com as suas respectivas namoradas. Tem tantos lugares para eles irem e se divertirem.
4:Na parada deste ano um ato de homofobia causou uma grande repercussão na mídia e muita revolta na sociedade, mas eu vejo que o rapaz que levou o tiro do militar lá no parque Garota de Ipanema se arriscou muito, entrou num parque que estava fechado por um buraco na grade. Assim como foi um tiro, ele poderia ter levado uma facada ou uma pedrada. O erro que ele cometeu não justifica o erro do militar que estava no parque a revelia dos seus superiores.Você não acha q esse tipo de atitude desse rapaz e de outras pessoas que também estavam no parque fechado fazendo sexo não mancha a imagem da comunidade e da parada em si e acaba por dar munição aos religiosos que vivem nos condenando e aos homofóbicos que estão sempre a nossa espreita? Uma campanha de conscientização ajudaria?
Como você mesmo disse, um erro não justifica o outro. Se o local é proibido, temos que respeitar independente da orientação sexual. Na minha opinião, esse ato não mancha a imagem da comunidade já que é um caso isolado. O que todos têm que entender é que a Parada Gay foi criada para reivindicarmos os nossos direitos. É o dia em que todos os holofotes estão voltados para nós. Acho que deveria ser feita uma campanha alertando sobre a violência dos locais. Nas praias podemos ver casais heteros literalmente transando e ninguém faz nada. Você já viu algum grupo gay espancando um casal hetero por estar transando ao ar livre?
5:Muitos que já foram militantes hoje não frequentam mais a parada porque dizem que a parada deixou de ser um momento de luta pra virar um momento de pegação. Como você vê essa critica?
A gente não pode generalizar. A Parada continua tendo o seu cunho social. É preciso sim, fazer um trabalho de conscientização para que as pessoas se toquem e vejam a Parada como um ato político. Quem ainda luta por um país livre está nos carros fazendo sua militância. Existe uma renovação de cabeças e ideais.
6: Você acha que existe a possibilidade da união civil ser aprovada no Brasil a curto prazo e a lei contra a homofobia também?
Eu espero ver em breve a união civil ser aprovada. Estamos muito atrasados em relação a outros países. Temos ainda que lutar e fazer valer os nossos direitos. Quanto à questão da aprovação da lei contra homofobia, espero que saia realmente do papel e vire lei. No próximo ano, vamos ter uma renovação no Congresso com pessoas comprometidas com a aprovação da lei. Espero que dessa vez a lei ganhe notoriedade e força através da voz dos parlamentares.
7:Tem muita parada pelo Brasil, você não acha? É dito por muitos que esse excesso seria pelo dinheiro gerado por elas, já que muita verba pública e privada rola uma vez q muitas paradas como a do Rio cobram das boites e afins para se colocar um trio na parada. Como você vê isso? Parada é lucrativa mesmo?
Realmente existem paradas espalhadas por todo país, mas essa resposta poderia ser dada pelos organizadores dos eventos. Eles vão poder responder claramente se uma parada é realmente lucrativa.
8:Eu sinto que existe muita divisão na militância é isso mesmo ou é só impressão minha?
Sempre vai haver divisão de ideias. Não existe em nenhum movimento um só pensamento. Isso não se aplica somente ao movimento LGBT. Veja como o PT era e como é agora. Ele continua existindo, porém com outras cabeças e com novas diretrizes.
9: Nossos direitos civis foram usados como moeda de troca pelos candidatos à presidência por apoio de grupos religiosos. Como você viu essa atitude dos candidatos? A única candidata que se mostrou tolerante à causa foi a candidata que não deveria ser, uma vez que é seguidora de uma das mais intolerantes igrejas evangélicas, Marina Silva, que foi a única também a conceder entrevista sobre o assunto à revista Junior.
O problema não é pedir. O problema é aceitar. Vivemos num país democrático e temos o poder de voto. O que temos que entender é que podemos fazer uma grande revolução. Poucos sabem em quem votou na eleição passada e, se duvidar, não sabem nem em quem votou este ano. É preciso uma conscientização política por parte de todos os eleitores.
10:Muitos candidatos a cargos públicos pedem o nosso voto na época da eleição e depois que se elegem somem e esquecem das propostas feitas à comunidade. Teve algum político que te surpreendeu positivamente e negativamente? Nós elegemos o Jean Willys. O que você espera desse nosso representante no congresso nacional?
Como disse anteriormente: o problema não é pedir, mas sim aceitar. Temos o poder de voz. O que tem que ser feito? Ir aos gabinetes desses candidatos que conseguiram se eleger para saber o que está sendo feito pela comunidade. Cobrar e fazer valer o nosso direito de cidadão. Não podemos ficar de braços cruzados esperando. Temos sim que estar presente e cobrar. Eu espero que o Jean realmente faça a diferença. Conheço Jean, fiz entrevista com ele e tenho uma boa relação. Depois de eleito, tive o prazer de estar com ele em alguns lugares públicos agradecendo aos votos e dizendo sempre que vai lutar pela causa no Congresso. Admiro o Jean e acredito que ele vai movimentar Brasília.
11:Como você viu esse ultimo caso de violência em São Paulo contra gays?
Com muita tristeza. Esse caso poderia ter acontecido comigo, com você, com qualquer pessoa. Me entristece muito saber que ainda existem pessoas que agem dessa forma. E o pior: saem impunes.
12:Como você vê o nosso futuro no Brasil?
Vejo com grande esperança. Temos que ter esperança, se não surtamos. Vamos torcer para que as novas cabeças que vão agir no Congresso lembrem que nós fazemos parte da população e que está mais do que na hora de avançarmos.
13:Quais os projetos futuros para a Revista S!?
Crescer, crescer, crescer!
14:Você já entrevistou muitos artistas. Qual sua entrevista preferida?
Menino, já fiz tantas. Cada entrevista é uma surpresa. A gente nunca sabe o que vem pela frente. Gostei muito de conversar com o Ney Matogrosso, Elza Soares, Nana Caymi, Alinne Moraes, Taís Araújo entre outros. Tem também dois autores de novela que rendeu bastante: Gilberto Braga e Manoel Carlos.
15:Qual a sua maior decepção no meio gay?
É ver estampados casos de violência contra gays. Isso realmente é brochante.
Obrigado pela atençao de todos e semana q vem mais uma entrevista.Se vc quer conhecer a Revista S! e so entrar no http://www.s-revista.com.br/
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