terça-feira, 3 de maio de 2011


Cristianne Fridman sabe que o dinheiro pode mudar, repentinamente, a vida de qualquer pessoa. Paga comida, casa, educação e saúde, ajudando o ser humano a sobreviver. A grana pode mesmo tornar uma pessoa mais humana, se a ajuda na procura dos sonhos, ou mais desumana, caso a ajude a atropelar outra para se realizar.



A autora da nova novela da Record, “Vidas em Jogo”, sabe, acima de tudo, que “o dinheiro é importante para todos”. E aprendeu na marra, com a história da morte de seu pai, que as pessoas ficam enlouquecidas quando percebem que o dinheiro pode ajudar na realização dos sonhos. Apesar de a ideia da novela não ter vindo diretamente da morte de seu pai, Cristianne Fridman não esquece esse episódio, até porque seu pai morreu vítima de aneurisma, depois de pensar que tinha um bilhete premiado na loteria.



Três anos depois de “Chamas da Vida”, exibida também na Record, Cristianne Fridman criou uma trama em que os personagens não são puramente do bem ou do mal, que não pretende defender teses ou juízos morais. A ideia surgiu, aliás, quando a autora viu uma matéria sobre um prêmio acumulado na loteria em que a repórter “perguntava às pessoas que estavam na fila da casa lotérica o que elas fariam se ganhassem o prêmio”. “Foi lindo ver o brilho nos olhos daquelas pessoas enquanto elas falavam dos sonhos que iriam realizar se ganhassem o prêmio”, diz. 

Com a ideia da trama a mexer, de alguma forma, com a sua vida pessoal, Cristianne Fridman está confiante no sucesso dessa história que tem como protagonista um grupo de dez pessoas que terá de se virar para conseguir meter as mãos no dinheiro. De frente comigo hoje a autora da nova novela da Record fala dos personagens que criou, da repercussão que espera com a novela, do trabalho da equipe e, entre outros assuntos, das combinações que já tem com a emissora. 
Marimar: Depois de “Chamas da Vida”, você decidiu criar uma trama que tem como base as mudanças que uma fortuna de 200 milhões de reais podem fazer na vida de dez pessoas. Com essa premissa, você pretende exatamente o quê? 


Cristianne Fridman: Minha pretensão com a novela é divertir e emocionar as pessoas. Não busco defender teses, juízos morais ou o que seja com a minha dramaturgia. Dinheiro é muito bom, mas também pode trazer alguns transtornos às vidas das pessoas. Há pessoas que esquecem alguns valores, há outros que sofrem com falsas amizades, com golpistas...Os personagens de “Vidas em Jogo” não são esquemáticos. Eles mostram durante a trama os dois lados da moeda de cada um deles.
Marimar: Acha que o ser humano e a sociedade em geral dá muita importância ao dinheiro? 


C.F.: Casa, comida, educação, saúde...a gente sobrevive pagando pelas coisas. Logo o dinheiro é importante na vida de todos nós. 




Marimar: A história de seu pai está intimamente relacionada com essa trama. Foi complicado para você dosar as emoções sabendo que estava a remexer em coisas que, de um jeito ou de outro, marcaram a sua história de vida, sua trajetória?


C.F.: A ideia da novela não veio diretamente do episódio da morte do meu pai. Enquanto escrevia Chamas da Vida vi uma matéria sobre um prêmio acumulado da loteria. A repórter perguntava às pessoas que estavam na fila da casa lotérica o que elas fariam se ganhassem o prêmio. Foi lindo ver o brilho nos olhos daquelas pessoas enquanto elas falavam dos sonhos que iriam realizar se ganhassem o prêmio. Aí me lembrei da morte do meu pai. Ele nem chegou a conferir o cartão, teve um aneurisma, mas as pessoas acharam que ele havia morrido ao descobrir que ganhara o prêmio. As pessoas invadiram a lotérica atrás do cartão supostamente premiado. Elas estavam enlouquecidas tentando alcançar o sonho delas, que seria realizado achando o cartão premiado. Nada é mais humano do que a busca para realizarmos os nossos sonhos. E nada é mais desumano quando nos atropelamos e aos outros ao buscar a nossa realização.


Marimar: Guilherme Berenguer, Thaís Fersoza e Julianne Trevisol protagonizam a novela. Como está sendo contar com as atuações deles? 



C.F.: Na verdade o protagonista de “Vidas em Jogo” é a turma do bolão da amizade. O grupo de amigos que joga há dois na loteria. Temos o motorista, a empregada doméstica, a taxista, o dono do restaurante, a pão-dura, o viciado em jogo, o dono de um clube de futebol falido, um dublê, o sem-teto cujo passado se desconhece, a cozinheira gordinha.

Marimar: Amandha Lee precisou engordar mais de 10 quilos para interpretar uma cozinheira em “Vidas em Jogo”. Você pretende discutir o tema da obesidade no geral? Os quilinhos a mais da personagem poderão influenciar o modo como ela se relacionará com o personagem do Cláudio Heinrich?


C.F.: A Margarida (Amandha) é a cozinheira do restaurante Cantinho do Severino (Paulo Cesar Grande) e através da trajetória dela vamos acompanhar as dificuldades enfrentadas por uma mulher obesa. Quando Margarida ganha na loteria o garçom pelo qual ela é apaixonada, o Elton (Claudio Heinrich) passa a se interessar pela gordinha. A questão da obesidade é um problema mundial e preocupante porque está afetando a saúde de grande parte da população. É muito mais do que uma questão estética.


Marimar: Regina, vivida pela Beth Goulart, será a grande vilã da trama. O público tem ainda muito presente Vilma, interpretada pela Lucinha Lins, na sua novela anterior. Como será a nova vilã? As maldades serão comparáveis às de “Chamas da Vida”?


C.F.: Há uma diferença fundamental entre a Vilma de Chamas da Vida e a Regina de Vidas em Jogo. A Vilma era uma vilã, uma mulher doente. Vilma era uma piromaníaca. Já a Regina é uma vilã por circunstância. Ela tem medo de perder o que já conquistou e, principalmente, não ter como garantir segurança para o futuro de suas duas filhas. O que as assemelha é o amor aos filhos e o humor que ambas tem.




Marimar: Já o personagem do Mário Gomes trabalhará para a vilã e terá por ela uma paixão não correspondida. Será o verdadeiro cara do bem que tentará trazer Regina para o lado do bem?


C.F.: Em Vidas em Jogo não há um personagem que seja apenas do bem ou apenas do mau. Todos eles no decorrer da trama mostrarão os dois lados da moeda.
Marimar: Como surgiu a ideia de botar a Betty Lago como empregada doméstica em sua novela? 


C.F.: Quando tive a ideia de escalar a Betty para fazer a empregada doméstica até eu mesma levei um susto. Pensei: nossa, ia ser divertido a Betty fazer algo totalmente diferente do que ela tem feito. E estou amando as cenas dela!
Marimar: Que outros núcleos e/ou personagens você destacaria e por quê?
C.F.: A novela está cheia de personagens e tramas interessantes. Tem humor, tem muita, mas muita emoção. Tem drama, ação, fica difícil destacar um elemento. A trama está construída como um bolão. O bolão da amizade, do amor, do humor, do drama...


 Marimar: Dessa vez você não conta com a direção do Edgar Miranda para dirigir a novela, mas sim com Alexandre Avancini. Sua trama ficará perdendo ou ganhando com essa troca? 

C.F.:
 Em Bicho do Mato tive a parceria do Spinello. Em Chamas do Edgard e agora em Vidas em Jogo do Avancini. Estou amando a realização das cenas! A novela está muito, muito bem cuidada e o resultado que tenho visto está lindo!



 Marimar: “Ribeirão do Tempo” terminará quase um ano depois de estrear. Teme que o mesmo possa acontecer com sua novela, mesmo sendo você autora da longa “Chamas da Vida”? 

C.F.: 
Chamas da Vida teve 253 capítulos e espero que Vidas em Jogo tenha 200 capítulos, que é o combinado com a emissora.


Marimar: Na época de “Chamas da Vida” você teve de enfrentar a concorrência de “Pantanal” e do “BBB”. Sem esses dois pesos-pesados na grade das concorrentes, acredita que “Vidas em Jogo” poderá cair mais rapidamente no gosto do público? Teme de algum modo a concorrência com “O Astro”, remake que a Globo se prepara para estrear em julho?

C.F.: 
Todos que estão envolvidos na novela estão trabalhando com muita raça, com alegria, com amor e o que eu espero é que o resultado disso possa ser apreciado, gostado por aqueles que vão assistir a novela. Ninguém quer escrever, dirigir, atuar para não ser apreciado. Não se faz nenhum trabalho, seja novela, seja uma entrevista, seja um muro de uma casa, o que seja, ninguém trabalha para não dar certo.


Marimar: Como você descreveria “Vidas em Jogo”?

C.F.:
 Eu ganhei na loteria. Meu prêmio é viver do que mais amo que é escrever. E agora quero compartilhar este prêmio com todos que vão assistir Vidas em Jogo. Uma novela ágil, divertida, emocionante e feita com o maior carinho pra vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário